terça-feira, 27 de setembro de 2011

Os Irmãos Grimm


Esqueça toda a graciosidade que a Disney e os livros infantis mostraram. Em Os Irmãos Grimm, os contos de fadas são assustadores e reais – e nada infantis. Quando criança, vivendo na miséria e com sua irmã gravemente doente, Jacob Grimm vende a vaca da família em troca de feijões supostamente mágicos e é reprimido por seu irmão, Will. Te lembrou algo?

Quinze anos mais tarde, os dois irmãos são famosos por expurgar bruxas e outras lendas populares que frequentemente atacam povoados – exceto que é tudo uma grande montagem: os Grimm usam a lábia de Will e o conhecimento de Jacob sobre fábulas para forjar os ataques e cobram dinheiro dos chefes das vilas para “expulsá-las”.

Logo eles são desmascarados pelo exército francês, dominantes da Europa, na época, que os obrigam a investigar o caso real do misterioso desaparecimento de meninas numa vila alemã. Na aventura, o ceticismo de Will é posto em prova quando árvores se movem, sapos indicam a saída da floresta e as fábulas se tornam reais.
 

Não assista a Os Irmãos Grimm se estiver à procura de ação ou aventura, pois o foco é comédia e fantasia. O humor pitoresco – remanescente de Monty Python – de Terry Gilliam (Brazil, Medo e Delírio, Os 12 Macacos) está presente em cada cena, mesmo as mais monstruosas. Quando a pequena Sasha tem seus olhos, nariz e boca roubados por uma criatura lamacenta, as reações do espectador alternam entre espanto e riso.

Conforme a história vai avançando, vemos menções a fábulas velhas conhecidas. Além dos feijões mágicos do início do filme, há uma garota de capa e chapéu vermelhos, um lobo mau, um lenhador, um casal de crianças jogando migalhas de pão na floresta para achar o caminho de volta para casa, uma rainha má, uma bela mulher com longas tranças presa numa torre alta no meio da floresta, entre outros mais sutis que criam uma aura de nostalgia em volta do filme.

Os personagens-título têm caráter duvidoso e ofendem um ao outro frequentemente, mas esbanjam carisma por conseguir fazer o amor incondicional, latente, que há entre eles um sentimento verossímil e sempre presente. Matt Damon e Heath Ledger estão impecáveis.
 

Terry Gilliam é famoso por seu estilo único e imaginativo de dirigir e escrever. Seu estilo é parecido com o de Jean-Pierre Jeunet (de Ladrão de Sonhos e Delicatessen), totalmente inventivo e nonsense, na direção e no texto.

O roteiro de Ehren Kruger, mesmo inventivo, empolga pouco e carece de tensão: em nenhum momento temos a sensação de que há um perigo real ameaçando os protagonistas. A trama também carece de uma resolução criativa, como o resto do filme propunha.

Os Irmãos Grimm transforma os próprios criadores dos contos de fadas em personagens de uma fábula. Mesmo com suas falhas, é sempre um deleite assistir a experiências cinematográficas atípicas e divertidas, como as produções de Terry Gilliam.

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The Brothers Grimm, 2005
Gênero: Aventura, Comédia, Fantasia 
Diretor: Terry Gilliam 
País: EUA/República Checa/Reino Unido 
Duração: 118 min
  
Nota: 7


2 comentários:

  1. É, faz muito tempo que assisti esse filme. É legal, diferente, mas concordo que faltam algumas coisas. É um daqueles filmes que poderia ter sido incrível, mas ficou sem sal.

    Um dia eu peguei uma edição estrangeira monstro com todos os contos originais dos irmãos Grimm e dei uma lida em alguns. Muito bons mesmo.

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  2. Assisti esse filme faz tempo na tv, mas não me lembro nem se assisti inteiro. Na época me divertiu, mas não causou muito impacto, porque não me lembro de nenhuma cena em específico.

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