terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Apenas Uma Vez


Simplicidade é a palavra-chave para a premissa de Apenas Uma Vez, romance musical indie de 2006: a amizade de duas pessoas que se ajudam mutuamente e acabam se apaixonando. Os diferenciais, que tornam o filme interessante e marcante, são as canções originais e o baixo orçamento, visto pelo uso de câmeras caseiras.

Os protagonistas, sem nomes, são vividos pelos músicos, compositores, cantores e atores Glen Hansard (vocalista e guitarrista da banda The Frames) e Marketá Irglová (que tinha apenas 19 anos quando filmou o longa).

O rapaz é um músico de rua que conserta aspiradores de pó na oficina de seu pai e compõe músicas durante seu tempo livre. A garota é uma jovem imigrante tcheca, mãe de uma menina, que vende flores e limpa casas para ganhar a vida, enquanto toca piano nas horas vagas. Ambos estão em relacionamentos conflituosos: a namorada dele o largou e foi para Londres e a garota deixou seu marido na República Tcheca.


O que há em comum entre ambos é o que os conecta, de início: a música. A execução de Falling Slowly, em dueto, na loja de instrumentos onde a garota costuma tocar piano de graça cria uma ligação forte entre os dois – além de capturar o espectador automaticamente, com a intensidade sentimental com que é cantada.

As bonitas e melancólicas canções do filme (em sua maioria, compostas pelos atores principais, Hansard e Irglová) guiam a história enquanto vemos o dia-a-dia dos personagens e a amizade que surge entre eles. As melhores são a premiada Falling Slowly e When Your Mind’s Made Up, ambas cantadas em dueto pelo casal.

O fato de não ter atores experientes traz uma crueza que combina com o resto do filme. Uma sensação de autenticidade tão forte que é quase como se toda a produção fosse um documentário mostrando a história real de duas pessoas que vão se conhecendo e se tornando mais próximos, um reality show com esses dois indivíduos como atração central.


O principal culpado disso é o diretor e roteirista John Carney, que já é conhecido como especialista em fazer filmes indie de baixo orçamento, com câmeras caseiras se movendo junto dos atores ou paradas na rua, num plano aberto, como as câmeras escondidas dos programas de pegadinhas da televisão.

Os diferenciais também são, em parte, seus inimigos. Mesmo com a curta duração de 85 minutos, o filme é bem cansativo e entediante em alguns momentos. As imagens do cotidiano dos personagens, ou simplesmente de um deles andando numa rua, ao som de algumas das músicas lentas (que parecem durar o dobro do tempo real, se não forem apreciadas) podem ser um potente sonífero dependendo do humor do espectador.

Apenas Uma Vez, mesmo exigindo paciência, mostra um romance doce e complicado que é facilmente identificável – e quem gosta de música já será capturado assim que assistir à intensa performance de Falling Slowly, canção merecedora de todos os prêmios que recebeu.

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Once, 2006

Gênero: Drama, Musical, Romance
Diretor: John Carney
País: Irlanda
Duração: 85 min
 
Nota: 7,5



2 comentários:

  1. lindo,lindo e mais um pouco lindo, Onã! Acho que tua crítica sintetiza bem o que eu senti quando vi..é o típico filme que continua te tocando e te fazendo sentir mesmo que já tenhamos visto há muito tempo. Aguardo ansiosamente e, talvez, desesperadamente uma crítica de Before sunrise e Before sunset. Beeijo, beeijo. Má

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  2. É isso mesmo o que foi dito, marcante, mas não pra todo mundo.

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