sábado, 1 de outubro de 2011

Amor, Sublime Amor


Em 1961, Amor, Sublime Amor colocou o gênero musical num novo patamar por integrar, de maneira inédita no Cinema, a dança e a música como forma de narrativa.

Adaptado do musical de 1957, da Broadway – que por sua vez é adaptado fielmente da tragédia Romeu e Julieta, de William Shakespeare – o filme aborda o romance proibido entre o ex-líder dos Jets, Tony (Richard Beymer), e a imigrante porto-riquenha irmã do cabeça dos Sharks, Maria (Natalie Wood). As duas gangues travam uma guerra pelo domínio das ruas de Nova Iorque, na década de 50.

O filme faz críticas importantes sobre a violência impulsiva das gangues e o racismo com imigrantes latino-americanos, especialmente para a época em que foi feito. Tenente Schrank (Simon Oakland) é um policial claramente preconceituoso que diz querer a paz das ruas, enquanto apóia os Jets e até se solidariza para ajudá-los a dar um fim nos Sharks. Enquanto isso, a gangue de imigrantes exprime seus sentimentos através da música “America”. “Compra a crédito é tão bom”, “um olhar para nós e eles cobram o dobro”. “A vida é boa na América”, “se você é branco na América”.


Com letras do aclamado compositor Stephen Sondheim, as músicas de Amor, Sublime Amor divertem e emocionam expressando os sentimentos de seus enunciadores. Os fãs do gênero se satisfarão com a riqueza de números de dança e música, todos devidamente amarrados ao enredo – característica essencial de um bom musical.  

Clássico na Europa e, principalmente, nos Estados Unidos, o gênero musical nunca teve tal popularidade no Brasil. Para quem não está acostumado, fica difícil de acreditar em um mundo em que todas as pessoas cantam e dançam bem e a todo o momento, sem razão aparente, ao som de instrumentos invisíveis – ao menos na tela do cinema, pois é facilmente crível no seu palco de origem, o teatro.


O roteiro tem sucesso ao transportar Romeu e Julieta para a Nova Iorque dos anos 50, porém o drama não é executado com o peso de uma tragédia. Na metade do segundo ato, Maria perdoa Tony com tal rapidez que só colabora para a inverossimilhança do filme, que, até aí, se limitava aos números musicais e à ausência de sangue – afinal, logo nos acostumamos à teatralidade das interpretações e performances musicais.

A falta de peso é sentida principalmente na cena final, onde não apenas o roteiro, mas as atuações também deixam a desejar. Todos haviam sido (teatralmente) competentes por todo o filme, até que Beymer (Tony) falha ao passar a emoção necessária no clímax da história e entrega um desfecho fraco para o clássico.

Amor, Sublime Amor é um merecidamente um clássico por sua importância para o gênero e pela crítica que faz à mentalidade preconceituosa do norte-americano numa época em que negros, índios e latino-americanos eram, por lei, considerados seres inferiores, nos Estados Unidos. Mas deixo uma dica: quem nunca assistiu a um musical e quer ingressar neste gênero, não deve começar por Amor, Sublime Amor. Recomendo um musical pós-moderno, como Rent – Os Boêmios ou Canções de Amor.

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West Side Story, 1961
Gênero: Musical, Drama, Romance 
Diretores: Robert Wise, Jerome Robbins
País: EUA
Duração: 152 min

Nota: 7

2 comentários:

  1. Consigo ver a influência do Lee em você.


    Comentário fdp do Klarth:

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  2. Concordo que justamente os protagonistas faltam com uma dramaticidade mais impactante em tela. Mas... vá lá, o filme é um arraso enquanto musical. Cenários, fotografia, coreografias e um grupo ótimo de coajuvantes. Um filme adorável.

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